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Zerar as emissões líquidas até 2030 requer combate obstinado ao desmatamento

O compromisso brasileiro define a redução de 43% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030

O Brasil anunciou na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, novas metas para redução dos gases de efeito estufa, comprometendo-se com uma redução de emissões líquidas de 50% até 2030 e neutralidade de carbono até 2050. O Fórum Econômico Mundial projetou um impacto de até 18% sobre a economia global, o qual, em uma sociedade como a nossa, com cerca de 50 milhões de vulneráveis, pode ter sérias consequências.

Por outro lado, os planos para transição podem gerar oportunidades e soluções únicas e de grande escala, na direção de um futuro promissor. As tensões geopolíticas contínuas têm o potencial de transformar a meta de zero emissão líquida em uma arena de competição climática, em vez de cooperação.

O compromisso brasileiro define a redução de 43% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, tendo como base comparativa os níveis de emissões de 2005, conforme acordo internacional. O País está trabalhando para diversificar as fontes de energia verde, considerando o impacto que as mudanças climáticas têm sobre sua eficiência e a dificuldade de expansão das soluções hidroelétricas de grande porte pela enorme necessidade de terras dos reservatórios de hidrelétricas.

O Brasil está desenvolvendo outras fontes de energia renováveis, tais como solar, eólica e biocombustíveis, que apresentam vantagens competitivas importantes nessa corrida, especialmente se não recorrer aos geradores a diesel em que a distribuição de energia de fontes renováveis não são suficientes.

No entanto, o País deve continuar explorando as reservas de petróleo e gás natural, considerando o gás como um grande protagonista nessa transição, sobretudo para manutenção da base de segurança energética. Segue investindo massivamente em tecnologia “embarcada” para captura do carbono e redução de emissões. Essa opção intermediária é importante, pois seria arriscado renunciar aos combustíveis fósseis até que as fontes de energia renovável se provem suficientemente confiáveis para suprir a demanda. Mas a transição deve acontecer.

Além disso, cerca de 50% das emissões dos gases de efeito estufa do Brasil estão relacionadas à forma de uso do solo e destruição de ecossistemas. O desmatamento e os incêndios florestais comprometem a capacidade do Brasil atingir a meta de zero emissão líquida. Além das emissões que ocorrem desses eventos, a exposição do solo faz com que a habilidade de refrigeração do ar – que as florestas e os ecossistemas têm – seja destruído.

A redução da cobertura verde afeta o regime de chuvas, o que, por sua vez, resulta em períodos de seca extensos e rigorosos. Os níveis mais baixos de precipitação acarretam o encarecimento da energia gerada pelas hidrelétricas e aumentam a dependência do País em relação às importações de gás natural líquido. Representando cerca de 25% do PIB do País, várias instituições e especialistas trabalham para adotar tecnologias que reduzam as emissões.

Transição para a economia de baixo carbono

Há desafios significativos para as empresas nacionais fazerem a transição para uma economia de baixo carbono, sem depender de transporte e geração à diesel e outras formas poluentes. As empresas que têm foco na exportação são motivadas a fazerem a transição mais rapidamente para manter o acesso aos mercados, como o europeu, e agora também o chinês, com regulamentação cada vez mais explícita em relação às emissões.

O Brasil detém vastos recursos naturais para a produção de energia a partir de fontes renováveis e sustentáveis, além de estar posicionado em uma região onde o crescimento de plantações e florestas ocorre em velocidade superior ao hemisfério norte. Também não faltam conhecimento e acesso à tecnologias que permitiriam colocar em prática planos para a transição energética. Possui ainda grandes áreas não produtivas que podem se tornar região de absorção de carbono. Tais localidades não impactam as áreas produtivas e são um grande mercado a ser desenvolvido, podendo gerar empregos, atrair capital e credores de créditos de carbono.

É essencial compreender que a definição de uma meta de zero emissão líquida é apenas um passo para o País chegar aos objetivos almejados. Para fazê-lo de forma a gerar empregos e atrair capital, o governo e outros atores devem definir claramente as estratégias pelas quais pretende cumprir ambições, incluindo marcos e metas de redução intermediária e mecanismos para toda a economia, por exemplo, impostos sobre as emissões de gases de efeito estudo, comércio de créditos de carbono, formação de profissionais capacitados para trabalharem nessa nova forma de desenvolvimento.

Nas decisões de investimento e crédito, cada vez mais o risco climático e a transição para zero emissão líquida são considerados. A introdução de relatórios obrigatórios para empresas ajudará a acelerar essa transição. Tornar essas divulgações uma exigência legal para os setores mais emissores, como fizeram o Reino Unido e a Nova Zelândia, acelera a disponibilidade de dados nos quais os investidores e credores se baseiam para tomar decisões sobre investimentos e empréstimos que consideram questões de ESG.

As lideranças devem se manter em um caminho direcionado ao futuro. Fortalecer os mecanismos de controle e incentivar o diálogo do poder público com a sociedade civil, as universidades e as empresas são iniciativas que podem ajudar a agilizar a caminhada para o carbono zero. É plausível afirmar que, caso o Brasil inverta esse cenário e invista em florestamento e reflorestamento significativos para sequestro de gás carbônio em sumidouros de carbono, poderá obter benefícios comerciais e ambientais significativos.

Fonte: KPMG

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